quinta-feira, 24 de março de 2011

Abaixo a Censura Virtual

Ficamos um tempo off, devido a um programa que bloqueou (pela segunda vez, desde o ano passado), no IFPA, o acesso da comunidade escolar às redes sociais, o que incluiu sites como facebook, twitter, orkut, picasa, flickr, blogs, dentre outros. Não estava sendo possível atualizar o blog Coração Verde nem o perfil do campus no orkut. Depois de dois emails que enviamos pelo próprio sistema, solicitando e justificando o desbloqueio do acesso às redes sociais, sem obter resposta, circulamos uma nota entre os servidores e no Fale Conosco do site do IFPA, manifestando nossa opinião contrária ao referido bloqueio, inclusive apresentando justificativa com base na utilização que o Governo Federal (e o próprio IFPA) tem feito das redes sociais enquanto mecanismo de comunicação de massa e aproximação das instituições com a comunidade, especialmente com a juventude. A jornalista do IFPA, Guaciara Freitas, também de opinião contrária ao bloqueio do acesso às redes sociais, solicitou ao Coordenador da Comunicação do MEC/SETEC, Felipe De Angelis, que enviasse uma solicitação diretamente da SETEC para a Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação do IFPA, setor responsável pela instalação do filtro que efetuou o referido bloqueio em nosso instituto. De Angelis, segundo Guaciara Freitas, enviou ontem, por email, um documento que trata sobre a regulamentação das comunicações no Governo Federal, normatizada pela Secretaria de Comunicação do Governo Federal (uma secretaria com status de Ministério), o que instrui todos os órgãos do governo a alimentarem comunicação nos chamados sites de relacionamento. Felizmente, todas essas argumentações parecem ter tido efeito, considerando que o desbloqueio foi feito na tarde deste dia. 

Reproduzo abaixo cópia do email que enviei ao Fale Conosco do site do IFPA, compartilhando minha opinião com vocês:




Ilmos. Srs. Gestores do IFPA

Solicito o término do bloqueio que o IFPA tem feito às redes sociais no acesso da comunidade escolar dentro deste Instituto, o que tem impedido o acesso, dentre outros sites, ao perfil oficial do Campus Castanhal no Orkut e ao blog Coração Verde, que promovem a divulgação das ações e projetos de nossa instituição.

As redes sociais são um mecanismo poderosíssimo de comunicação, especialmente entre os jovens. Percebendo isso, grandes corporações, empresas e instituições de naturezas as mais diversas já fazem uso dessas redes para divulgar seus produtos, serviços e se aproximar de seus clientes. O próprio Governo Federal já faz uso das redes sociais e orienta nossas instituições a fazer o mesmo. Isso pode ser facilmente constatado no site do Ministério da Pesca e Aquicultura, por exemplo, que fornece links para perfis do referido Ministério no twitter, facebook e flickr.

http://www.mpa.gov.br/

O site do Ministério da Educação também possui twitter, o que pode ser confirmado no site: http://portal.mec.gov.br/index.php.

O Ministério da Justiça está utilizando o Orkut para divulgar o PRONASCI – Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Enfim, exemplos não faltam.

É contraditório, mas ao entrarmos nos sites desses Ministérios e clicarmos em um dos links que nos levem aos perfis dos mesmos nas referidas redes sociais, um programa do IFPA bloqueia o acesso. Nosso Instituto está censurando até mesmo conteúdos de Ministérios de Estado! E do próprio MEC!

Mas, o mais contraditório está na própria página do IFPA. A Assessoria de Comunicação (ASCOM) possui links na página principal do Instituto para páginas do mesmo no twitter, youtube, facebook, orkut e picasa, sendo que as páginas do facebook, orkut e picasa são bloqueadas pelo filtro! O próprio IFPA gera conteúdos que ele mesmo censura! Para quem estamos produzindo informação através dessas redes, se o nosso público é impedido de acessar em nossa própria instituição?

Enquanto o próprio Governo percebe o poder de comunicação das mídias sociais, assim como a ASCOM do IFPA (se não reconhece esse potencial, não teria criado perfis nos sites citados) nosso Instituto parece temer o poder dessas mídias, despreza seu potencial e pratica um ato que qualifico como censura.

Entendo que muitos argumentam que o acesso em demasia de sites como Orkut, twitter, facebook, blogs, flickr, dentre outros, podem tomar espaço que outros estudantes e servidores precisariam para a realização de pesquisas científicas, por exemplo. No entanto, penso que cabe à organização das coordenações de cada setor (biblioteca, laboratório de informática, etc) a estipulação de normas de acesso que garantam o uso responsável da rede. O que penso que não dá para fazer é a utilização simplória de um bloqueio a sites considerados de forma preconceituosa como supérfluos, desnecessários, talvez “perigosos”. Fossemos pensar dessa maneira, caberia talvez acabar com a internet, meio de comunicação de grande alcance e poder, além de democrático. Vivemos na sociedade da informação. Nossos jovens são bombardeados por inúmeras informações todos os dias, das mais úteis às mais fúteis. A internet é uma das ferramentas utilizadas para veiculação das informações. Nosso papel enquanto educadores não é o de censurar, mas o de orientar nossos estudantes quanto à importância de saber selecionar as informações de fato importantes para nossa formação integral.
Vários pesquisadores, cientistas, artistas, professores, enfim, muitos intelectuais publicam suas produções na rede, e as redes sociais são utilizadas para divulgação desses trabalhos. Inúmeras reportagens, matérias, postagens e mesmo trabalhos científicos tem se reportado ao grande poder de alcance das mídias sociais. Esse vídeo abaixo, publicado no youtube, fala sobre a utilização que o Governo Federal tem feito dessas redes e as conquistas que tem efetuado através da criação de perfis e comunidades virtuais, dentre elas a efetivação de uma nova relação entre Governo e comunidade, com grande potencial de aproximação com a população mais jovens (a faixa de 14 a 27 anos é predominante nas redes sociais):

http://www.youtube.com/watch?v=Tqv3HZBgtz8

http://manualdosfocas.com/2009/07/14/governo-federal-quer-explorar-melhor-as-redes-sociais/

Com a finalidade de aproveitar esse potencial também no IFPA Campus Castanhal, criamos em maio de 2010, o blog Coração Verde, com o objetivo de divulgar ações e projetos de nosso campus entre estudantes, servidores e egressos. Embora restrito à comunidade agricolina, o blog já conta com mais de 4 mil acessos, tendo sido acessado por integrantes de outros Institutos, que entraram em contato conosco e manifestaram interesse em copiar a idéia, pedindo dicas de como fazer. Já fomos contactados por um servidor que pretende utilizar o blog como fonte de pesquisa para sua dissertação. Além disso, o Grêmio Estudantil Edson Luiz e estudantes do nível superior criaram blogs para divulgar suas ações e projetos, a exemplo do Coração Verde:

www.coracao-verde.blogspot.com

Também foi criado em 2010 um perfil do IFPA Campus Castanhal no Orkut, para divulgação de eventos e fotos. Dezenas de álbuns foram publicados, com mais de 2 mil fotos disponíveis para os usuários, que já somam cerca de 400 pessoas, dentre estudantes, servidores e egressos.

Lamentavelmente, o acesso da comunidade escolar a todas essas mídias tem sido embargado através de um programa (filtro) instalado em nossa rede. Enviamos dois emails pelo sistema propondo o desbloqueio, mas não obtivemos resposta. Esperamos, com base no exposto acima, que tal atitude possa ser revista por nossos gestores e órgãos responsáveis.

É necessário reconhecermos que as redes sociais já fazem parte de nosso dia a dia e não precisamos temê-las, mas aceitar o desafio de aproveitar seus imensos potenciais e utilizá-las a nosso favor, enquanto ferramentas educacionais.

Precisamos repudiar a censura em todas as suas formas. Abaixo a censura virtual!


Um comentário:

  1. Companheiro Edivaldo,

    Sou partidário de dois princípios, os quais procuro implementar em todas as minhas ações enquanto educador. O primeiro diz que os alunos são plenamente capazes de usar bem o órgão que eles possuem entre as duas orelhas (o cérebro). O segundo, é aquele que diz que o controle só ajuda naquilo em que não atrapalha. Daí, trazer para este papo o entendimento do filósofo e linguista italiano Umberto Eco, quando ele diz que é preciso aprender a utilizar as teletecnologias, e que a internet é fonte de informações infindáveis, mas que só é útil àquele que conseguiu desenvolver seu próprio ´filtro´.
    Assim, penso que as redes sociais, no contexto educacional, podem ser bem utilizadas, podem ser mal utilizadas, mas jamais ignoradas, posto que existem e fazem parte do cotidiano de nossos alunos e do nosso próprio.

    Parabéns e abraços!

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