quarta-feira, 2 de junho de 2010

Diretoria de Educação Agrícola é Extinta pela Reitoria!

Estamos todos surpreendidos com a extinção da Diretoria de Educação Agrícola do IFPA, que foi comunicada no dia de ontem. Surpreendidos porque a atitude foi tomada de cima para baixo pela reitoria, sem nenhum diálogo com os campi de identidade agropecuária. O DEA tinha por missão discutir, construir e fomentar políticas para a Educação do Campo no IFPA, e estava em articulação com vários setores da sociedade e com os campi do interior, já sendo tido inclusive como referência para Institutos Federais de outros estados. E era coordenado pelo professor Romier Sousa desde sua criação no início de 2009 até sua extinção no dia de ontem.

É lamentável e mesmo revoltante a extinção da DEA. Fica cada vez preocupante a defesa de nossa identidade, e cada vez mais em cheque a política de nossa reitoria para a Educação do Campo. Isso me faz lembrar das promessas de autonomia administrativa e de respeito à nossa identidade agrícola que tanto nos fizeram por ocasião da ifetização.

Precisamos discutir essa situação e se posicionar em defesa de nossos projetos que, como bem disse o Romier, são referência em vários outros lugares. São obscuras as intenções de nossa reitoria, mas medidas dessa natureza, e da forma como são tomadas, não são nada favoráveis ao nosso campus.
 Romier, meu camarada, você sai de cabeça erguida dessa diretoria e com um trabalho honrado e reconhecido em nosso Instituto e nos movimentos sociais e entidades diversas com os quais nosso campus tem dialogado e construído projetos. Tenho certeza de que seu trabalho como professor deste campus e sua militância pela educação do campo continuarão fortalecidos. Receba meus cumprimentos e meus mais sinceros parabéns por seu incansável trabalho.
 Abaixo, reproduzo na íntegra o memorando que o professor Romier Sousa enviou notificando os servidores do Campus Castanhal sobre o ocorrido:


Prezad@s Diretores, Coordenadores de Projetos, colegas do IFPA, cc Reitor e Pró-Reitores
 Ontem pela manhã (01.06.2010) ao chegar no Campus Belém e me dirigir a Pro-Reitoria de Extensão, fui surpreendido com a entrega de um documento pela nosso Pró-Reitor, Erickson Alexandre, para que tomasse ciência que a partir daquele dia a Diretoria de Educação Agrícola – DEA estaria extinta e retirada do Organograma do IFPA e eu automaticamente estaria exonerado do cargo de Diretor. Nosso espanto deveu-se a não termos em nenhum momento sido chamados para qualquer dialogo e reflexão sobre esta situação, ou mesmo tivéssemos tido justificativas convincentes de tal decisão tomada pela Reitoria (documento em anexo).
 A DEA-IFPA foi criada no inicio de 2009 com o objetivo de fomentar, articular e construir uma política de educação agrícola e do campo em nosso Instituto, o que entendemos que temos realizado incansavelmente nestes últimos anos. Hoje todos os Campi do IFPA tem ações articuladas pela DEA-IFPA (até Breves que ainda não iniciou já possui um Curso de Licenciatura previsto para iniciar em janeiro de 2011).

Semana passada houve uma reunião de um GT-Educação do Campo, criado pelo CONIF para debater a Educação do Campo nos Institutos Federais, onde fomos convidados para apresentar a experiência do Pará. Ao final do encontro, saiu como deliberação que os Institutos Federais estudem a possibilidade de implantação de Diretorias de Educação do Campo, com base na experiência do Pará. Nosso vice- Reitor, Prof. João Antonio, participou do evento e nada comentou sobre a extinção da então DEA-IFPA. Será que não é no mínimo contraditório sermos referencia em uma semana e não outra extinguirmos a referencia?
 Encaminhamos em anexo ainda uma Carta, que circularemos amplamente para sociedade Paraense colocando as ações da DEA-IFPA neste curto espaço de sua existência para conhecimento de todos e visão de que esta Diretoria não foi criada apenas para manter pessoas em cargos, mas como uma estratégia clara de construir a educação agrícola ressignificada e a educação do Campo em nosso Instituto, com base principalmente nas experiências do Campus Castanhal e Campus Rural de Marabá. Contudo, estávamos avançando em todos os Campi do IFPA nesta construção.
 Gostaria de agradecer o apoio de todos do Diretores Gerais com quem temos trabalhado, coordenadores de projetos, colegas professores e técnicos administrativos deste importante Instituto. Sem esta ação em rede, coletiva, que a pesar das diferenças, vínhamos construindo a partir do dialogo uma unidade no fortalecimento da Educação Agrícola e do Campo no estado do Pará. Transformamos nosso Instituto em uma referência nacional em Educação do campo, este é um fato que nenhum documento pode apagar.

Neste termos, não respondo mais pelas ações que a então Diretoria coordenava em nosso Instituto. Qualquer questão sobre estas ações devem ser direcionada para o Pró-Reitor de Extensão e o Reitor do IFPA.

Como professor efetivo do IFPA-Campus Castanhal continuarei firme e forte na defesa de uma educação gratuita e de qualidade, voltada para a classe trabalhadora do campo e da cidade. Continuarei defendendo radicalmente que a democracia seja um principio de nossa Instituição e que tenhamos esferas de decisões coletivas sobre as ações estratégicas de nosso Instituto; continuarei minha militância por um desenvolvimento sustentável com base nos princípios da Agroecologia e o fortalecimento da Agricultura Familiar Camponesa; Continuarei a disposição para fortalecermos cada vez mais a educação do campo em nosso Estado. Informo que fui indicado em plenária no ultimo dia 05 de maio, para assumir a Coordenação do Forum Paraense de Educação do Campo juntamente com a Prof. Georgina Kalife do ICED/UFPA e temos como principal tarefa a organização do IV Encontro Estadual de Educação do Campo no 2º semestre, onde certamente pautaremos a necessidade do IFPA assumir Institucionalmente através da criação de uma estrutura efetiva, a Educação do Campo. Convidamos todos, para juntos avançamos nesta construção.


EDUCAÇÃO DO CAMPO, DIREITO NOSSO, DEVER DO ESTADO !


Um grande abraço,


Romier Sousa
Professor do IFPA – Campus Castanhal
Coordenador Estadual do FPEC







Um comentário:

  1. A atitude tomada pelos dirigentes do IFPA em extinguir uma diretoria voltada para o ensino agrícola sem nenhuma consulta a comunidade, deve ser repudiada por todos os envolvidos no processo de ensino, não só o agrícola.

    Romier, sei que essa atitude foi um golpe baixo, mas também sei que seu caráter, sua dignidade e inteligência lhe ajudarão a superar esse momento.
    Continue a luta e não desista de levar adiante os ensinamentos adquiridos na ESCOLA AGROTÉCNICA FEDERAL DE CASTANHAL.
    Jorge Valente

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